Breve Resumo
O vídeo explora a Crise de 1929 nos Estados Unidos, detalhando como o país passou de um período de prosperidade pós-Primeira Guerra Mundial para a maior crise econômica de sua história. Aborda a ascensão do "American Way of Life", o papel da especulação na Bolsa de Valores, a manipulação do mercado por Wall Street, e a subsequente Grande Depressão.
- A prosperidade americana pós-Primeira Guerra Mundial impulsionada por investimentos e crédito fácil.
- A especulação desenfreada e a manipulação do mercado de ações por Wall Street levaram a uma bolha insustentável.
- A quebra da Bolsa em 1929 desencadeou uma crise financeira massiva, afetando bancos, empresas e a população em geral.
- As políticas do New Deal de Franklin Delano Roosevelt e as investigações sobre a conduta de Wall Street ajudaram a restaurar a confiança e a regular o mercado.
- A crise teve impactos globais, influenciando o surgimento de regimes autoritários na Europa e remodelando a política internacional.
Introdução: O Sonho Americano Desfeito
Em 1918, após a Primeira Guerra Mundial, a Europa enfrentava uma crise financeira severa, enquanto os Estados Unidos viviam um período de prosperidade sem precedentes, marcado pelo "American Way of Life". A popularização de bens como carros Ford, eletrodomésticos e acesso ao rádio e cinema simbolizavam essa era de riqueza. No entanto, essa prosperidade abruptamente terminou em 1929, levantando a questão de como os EUA passaram de um país rico e seguro para a maior crise de sua história, especialmente com a inação inicial do governo.
A Prosperidade Pós-Guerra e o Crédito Fácil
Os Estados Unidos prosperaram durante a Primeira Guerra Mundial porque o conflito ocorreu principalmente em território europeu. O governo americano incentivou a população a investir em títulos de liberdade, arrecadando US$21,5 bilhões entre 1917 e 1919. Essa iniciativa popularizou o investimento entre os americanos. O consumo foi amplificado pela invenção do crédito, permitindo que as pessoas comprassem mais com menos dinheiro, sob o lema "compre agora, pague depois", impulsionando o mercado americano.
A Ascensão de Wall Street e Charles Mitchell
Charles Mitchell percebeu a oportunidade de lucrar com o crescente interesse dos americanos em investir. Inspirado pela iniciativa do governo durante a guerra, ele criou um produto que permitia às pessoas comprar ações e receber lucros. Mitchell abriu corretoras por todos os Estados Unidos, conectando a Bolsa de Valores com o público. No entanto, essas corretoras especulavam em vez de investir, vendendo ações por valores superiores aos reais, inflando o mercado e criando um frenesi.
Especulação, Celebridades e a "Realeza" de Wall Street
A especulação no mercado de ações gerou um otimismo exagerado, com celebridades como Charles Chaplin promovendo investimentos. As pessoas começaram a usar crédito para comprar ações, pegando empréstimos bancários e usando os lucros para pagar as dívidas. No final da década de 1920, 90% das ações eram pagas com dinheiro emprestado. Um pequeno grupo de banqueiros, conhecido como a "Realeza de Wall Street", incluindo J.P. Morgan e Thomas Lamont, controlava e manipulava o mercado, alegando que ele era autorregulado e dispensava intervenção governamental.
Aviso Ignorado e o Ápice do Mercado
Os presidentes Warren Harding, Calvin Coolidge e Herbert Hoover, todos republicanos, apoiaram a "Realeza" de Wall Street e não regulamentaram o mercado. Paul Warburg, um banqueiro respeitado, alertou publicamente sobre uma possível depressão generalizada se a Bolsa continuasse a crescer sem regulamentação, mas foi ignorado. Em setembro de 1929, o mercado atingiu seu ápice, e o presidente dos EUA recebeu uma carta afirmando que o mercado se corrigiria sozinho e que o futuro parecia brilhante.
A Quebra da Bolsa: Quinta-Feira Negra
Em 24 de outubro de 1929, a Bolsa de Valores quebrou. Na abertura, o mercado já havia perdido 11% de seu valor. As especulações impediram que as pessoas soubessem o valor real de suas ações, e quando começaram a desvalorizar, o pânico se instalou. Todos tentaram vender suas ações, mas ninguém queria comprar, causando uma queda ainda maior. A notícia se espalhou, e uma multidão desesperada se aglomerou em frente ao prédio da Bolsa, transformando Wall Street em um "hospício a céu aberto".
A Reação de Wall Street e a Falsa Calmaria
A notícia da quebra da Bolsa se espalhou pelo mundo, transformando Nova York no centro das atenções. Winston Churchill visitou a Bolsa e relatou que, apesar do caos nas ruas, dentro do prédio tudo estava calmo para manter a confiança no mercado. Charles Mitchell se reuniu com os homens mais ricos do país, que usaram US$100 milhões para comprar ações e tentar reanimar o mercado. A ação teve um efeito temporário, diminuindo a queda no índice Dow Jones, mas a crise estava longe de ser resolvida.
Segunda-Feira Negra e o Colapso Total
Em 28 de outubro de 1929, a "Segunda-Feira Negra", o mercado de ações fechou com uma das piores quedas da história. No dia seguinte, os nomes mais famosos do mercado viram o valor de suas ações despencar. Entre 24 e 29 de outubro, cerca de US$25 bilhões evaporaram. Pessoas venderam ações que valiam US$100 mil por apenas US$500. Milhares perderam todo o seu dinheiro, e muitos, desesperados, cometeram suicídio.
A Grande Depressão e o Sistema Bancário em Crise
A crise se estendeu além do mercado de ações, afetando pessoas que nunca haviam investido na Bolsa. Ninguém conseguia pagar seus empréstimos, e os bancos começaram a ficar sem dinheiro. As pessoas correram para sacar seus depósitos, mas o governo não regulamentava o sistema financeiro, e não havia garantia de depósitos. O sistema financeiro americano quebrou, marcando o início da Grande Depressão. Vilas de desabrigados surgiram, como a "vila de papelão" no Central Park.
O New Deal de Roosevelt e as Investigações em Wall Street
Em 1932, Franklin Delano Roosevelt foi eleito presidente e iniciou a regulamentação do mercado, criando a Corporação Federal Asseguradora de Depósitos. Ele propôs o New Deal, uma série de programas para recuperar a economia. O Comitê Bancário do Senado investigou o Crash da Bolsa, revelando a desonestidade de muitos gigantes de Wall Street. Charles Mitchell e Richard Whitney foram punidos por suas ações fraudulentas. O banco J.P. Morgan foi acusado de oferecer acordos privilegiados a amigos e familiares, incluindo o ex-presidente Calvin Coolidge.
Impacto Global e o Legado da Crise
As medidas de Roosevelt ajudaram a restaurar a confiança, mas a Grande Depressão durou até o início da Segunda Guerra Mundial em 1939. A crise impactou o mundo todo, com a queda da demanda nos EUA afetando as exportações europeias. A crise gerou um sentimento de que governos mais autoritários poderiam controlar a economia, influenciando o surgimento de regimes como o de Hitler na Alemanha, Mussolini na Itália e o fortalecimento do comunismo na Rússia. A Crise de 1929 foi resultado do próprio sistema e da incompetência dos governantes, afetando principalmente a população que acreditou em discursos falaciosos.