Breve Resumo
O vídeo da BBC News Brasil explora a ascensão do Terceiro Comando Puro (TCP) como a terceira maior facção criminosa do Brasil, sua expansão para outros estados e a influência do "narcopentecostalismo" em sua identidade. Aborda as alianças estratégicas do TCP, especialmente com o PCC, e a relação conflituosa com o Comando Vermelho (CV), destacando o impacto potencial no aumento da violência em diversas regiões do país.
- Ascensão do TCP como a terceira maior facção criminosa do Brasil.
- Expansão do TCP para outros estados através de alianças estratégicas.
- Influência do "narcopentecostalismo" na identidade do grupo e suas práticas.
- Conflito com o Comando Vermelho e o potencial aumento da violência.
Demolição do "Resort do Tráfico" e o Complexo de Israel
A Polícia Militar do Rio de Janeiro demoliu um "resort do tráfico" construído em área de proteção ambiental em Parada de Lucas, pertencente ao chefe da facção que controla a região. Na mesma operação, uma estrela de David neon, símbolo do Complexo de Israel, foi derrubada. O Complexo de Israel é um conjunto de cinco comunidades na zona norte do Rio, dominadas pelo Terceiro Comando Puro (TCP).
Ascensão do TCP no Cenário do Crime Organizado
O TCP não está diminuindo, mas se tornou a terceira maior força do crime organizado no Brasil, depois do Comando Vermelho (CV) e do Primeiro Comando da Capital (PCC). A influência de religiões nas dinâmicas de poder do tráfico sempre existiu, refletindo o avanço do protestantismo no Brasil. O TCP nasceu em 2002 como uma dissidência do terceiro comando e expandiu-se para além do Rio de Janeiro.
Expansão Nacional do TCP
Um mapeamento da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) indica que o TCP está presente em diversos estados, incluindo Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Ceará, Amapá, Acre, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. A ascensão do TCP representa um terceiro polo de poder no crime organizado, replicando os métodos do Comando Vermelho e ocupando espaços antes dominados pelo PCC.
Entrada do TCP no Ceará
A facção expandiu-se para o Ceará, onde a estrela de Davi começou a aparecer em muros de cidades como Maracanaú. Houve relatos de fechamento de terreiros de Umbanda por ordem da facção, prática já comum na zona norte do Rio. A entrada no Ceará ocorreu por meio de uma aliança com a facção local Guardiões do Estado (GDE), que estava enfraquecida após intensa repressão policial.
Alianças Estratégicas e Expansão
A vantagem das alianças para facções menores é a entrada em redes de solidariedade com grupos maiores, facilitando o acesso a drogas, armas e suporte em conflitos. No Ceará, membros do GDE aderiram ao TCP após lideranças da facção cearense fugirem para o Rio de Janeiro e costurarem a aliança.
Narcopentecostalismo e a Identidade do TCP
Uma característica marcante do TCP é o "narcopentecostalismo", a associação entre traficantes e religiões evangélicas. A existência de traficantes evangélicos não é nova, mas no caso do TCP, a religiosidade transborda para a identidade do grupo. Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, é apontado como um dos principais líderes do grupo e controla o Complexo de Israel.
A Religião como Ferramenta de Guerra Espiritual
Membros evangélicos do TCP fazem uma interpretação particular da Bíblia, usando o discurso religioso para embasar uma guerra espiritual contra os inimigos, especialmente o CV, tradicionalmente ligado a religiões de matriz africana. A religião proporciona aos membros do TCP uma sensação de pertencimento, similar à retórica de identificação utilizada pelo CV e PCC.
Características Adicionais e Conflitos
O TCP formou uma aliança com o PCC, obtendo acesso a mercados internacionais. Aproximou-se de grupos milicianos, reproduzindo práticas como a extorsão, e mantém uma relação menos conflituosa com a polícia. No entanto, o TCP está em guerra contra o CV pelo domínio territorial, utilizando um arsenal de armas de grosso calibre, o que preocupa no contexto de expansão geográfica das duas facções, com o temor de aumento da violência em diversas regiões.

