Breve Resumo
Este vídeo da Fernanda Landeiro é uma aula sobre psicopatologia, com foco no modelo psicopatológico atual. A aula aborda a importância de entender os diferentes eixos da psicopatologia, a diferença entre correlação e causalidade, a semiologia dos transtornos mentais, a avaliação das funções psíquicas e o conceito de remissão.
- A psicopatologia descritiva é o modelo vigente desde 1980, e é importante para entender os transtornos mentais.
- A semiologia psicopatológica complementa a entrevista clínica, ajudando a chegar a um diagnóstico mais preciso.
- A avaliação das funções psíquicas é crucial para entender o impacto dos transtornos mentais na vida do indivíduo.
Introdução
Fernanda Landeiro inicia a aula agradecendo o carinho e a participação dos alunos na aula anterior. Ela destaca a importância de estudar psicopatologia para se tornar um psicólogo completo e responsável. A aula de hoje se concentra no modelo psicopatológico atual, que é o descritivo ou ateórico, vigente desde 1980. Ela explica que existem três eixos na psicopatologia: psicodinâmico, fenomenológico e descritivo. O foco da aula será no eixo descritivo, que é o modelo psicopatológico mais aceito pela ciência atualmente.
Recados Iniciais
Fernanda Landeiro apresenta três recados importantes para os alunos. Primeiro, ela incentiva a assistir às aulas ao vivo para ter a chance de ganhar uma bolsa de estudos no seu curso de formação ou pós-graduação, além de um ingresso para o seu evento presencial em São Paulo. O sorteio será realizado no final da semana. Segundo, ela informa sobre a criação de um grupo no WhatsApp para a semana, onde os alunos receberão o mapa mental das aulas e o emoji para prioridade nas respostas das dúvidas no Instagram. Terceiro, ela explica que não lerá comentários durante a aula, mas a equipe estará acompanhando o chat para avisá-la caso haja algum problema na transmissão. Ela também menciona que, pela primeira vez, haverá certificado de participação para quem assistir a todas as aulas da semana.
O Modelo Psicopatológico Atual
Fernanda Landeiro explica que o modelo psicopatológico atual, vigente desde 1980, é o descritivo ou ateórico. Este modelo se baseia na descrição dos fenômenos, sem se vincular a nenhuma teoria específica da psicologia. Ela destaca a importância de entender este modelo para não ficar para trás na área. Ela explica que a psicopatologia tem diferentes eixos, cada um com uma forma de ver e classificar as doenças mentais.
Eixos da Psicopatologia
Fernanda Landeiro detalha os três eixos da psicopatologia: fenomenológico, psicodinâmico e descritivo. A psicopatologia fenomenológica se concentra na experiência do paciente, rejeitando categorias diagnósticas. A psicopatologia psicodinâmica, por sua vez, classifica o sujeito em neurose, psicose e perversão, e está ligada às teorias psicanalíticas. O eixo descritivo, que é o modelo atual, se baseia na descrição dos sinais e sintomas, sem se vincular a nenhuma teoria específica.
A Importância da Psicopatologia Descritiva
Fernanda Landeiro destaca a importância da psicopatologia descritiva, que é o modelo atual, para a prática clínica. Ela explica que a maioria dos psicólogos no Brasil ainda se baseia na psicopatologia psicodinâmica, o que pode levar a uma compreensão menos precisa dos transtornos mentais. Ela argumenta que a psicopatologia descritiva, por ser mais baseada em evidências, permite uma compreensão mais atualizada dos transtornos mentais.
Transtornos Mentais: Definição e Dilemas
Fernanda Landeiro define transtorno mental como um conjunto de sinais e sintomas que causam uma perturbação significativa na cognição, regulação emocional ou comportamento do indivíduo. Ela explica que os transtornos mentais são multifatoriais, ou seja, não têm uma causa única, mas sim uma combinação de fatores. Ela também aborda o dilema da fronteira entre o normal e o patológico, destacando a dificuldade de definir essa fronteira, especialmente em relação a questões subjetivas como tristeza e dor.
Doença, Transtorno e Síndrome
Fernanda Landeiro explica a diferença entre doença, transtorno e síndrome. Doença é caracterizada por uma etiologia (causa) conhecida, curso e prognóstico definidos. Transtorno mental, por sua vez, tem curso e prognóstico conhecidos, mas a etiologia é multifatorial. Síndrome é um conjunto de sinais e sintomas, mas a etiologia, curso e prognóstico são desconhecidos. Ela usa o exemplo da síndrome do pânico, que deixou de ser síndrome e passou a ser transtorno de pânico com o avançar das pesquisas.
A Questão da Causalidade
Fernanda Landeiro discute a questão da causalidade em relação aos transtornos mentais. Ela explica que a psicopatologia descritiva rompeu com a ideia de causalidade direta entre eventos da vida e transtornos mentais. Ela destaca a importância de entender a diferença entre correlação e causalidade, e como o senso comum muitas vezes confunde esses dois conceitos. Ela usa exemplos como a relação entre o consumo de margarina e divórcios, e o consumo de picolés e afogamentos, para ilustrar a diferença entre correlação e causalidade.
Teorias da Causalidade em Psicopatologia
Fernanda Landeiro apresenta duas teorias da psicopatologia psicodinâmica que se baseiam na relação de causalidade: a teoria da mãe geladeira e a teoria do abuso sexual e obesidade. Ela critica ambas as teorias, mostrando que o autismo é uma condição genética e que a obesidade não é uma forma de proteção contra a ressexualização. Ela usa a analogia do bolo para explicar que os transtornos mentais são multifatoriais, como um bolo que precisa de vários ingredientes para ser feito.
A Teoria da Tripla Vulnerabilidade
Fernanda Landeiro apresenta a teoria da tripla vulnerabilidade, proposta por David Barlow, que explica o desenvolvimento dos transtornos mentais. A teoria sugere que a interação de três tipos de vulnerabilidades - biológica geral, psicológica geral e psicológica específica - contribui para o surgimento de um transtorno. Ela explica cada tipo de vulnerabilidade e como elas se interligam.
Fatores Biológicos e Genéticos
Fernanda Landeiro discute a influência de fatores biológicos e genéticos nos transtornos mentais. Ela explica que a genética pode predispor o indivíduo a desenvolver certos transtornos, mas não é a causa única. Ela usa o exemplo do autismo e da exposição a telas, mostrando que a exposição a telas pode potencializar a expressão do transtorno, mas não o causa.
O Peso da Genética e do Ambiente
Fernanda Landeiro destaca que a influência da genética e do ambiente varia de acordo com o transtorno. Ela usa o exemplo do transtorno de personalidade antissocial, mostrando que a genética tem um papel importante, mas o ambiente também é crucial. Ela cita o estudo de Crowe sobre filhos de mães criminosas, que foram adotados por outras famílias, para ilustrar a interação gene-ambiente. Ela também discute a esquizofrenia, que é um transtorno com alta herdabilidade, e a depressão, que é mais influenciada por fatores ambientais.
Cura, Remissão e Prognóstico
Fernanda Landeiro aborda a questão da cura e remissão em relação aos transtornos mentais. Ela explica que o termo "cura" não é adequado para transtornos mentais, pois a remissão, que é o retorno à funcionalidade, não significa que o problema desapareceu. Ela explica a diferença entre remissão parcial e total, e como o prognóstico, que é a expectativa para a evolução do transtorno, é fundamental para o tratamento.
Transtornos Episódicos e Crônicos
Fernanda Landeiro categoriza os transtornos em episódicos e crônicos. Transtornos episódicos, como transtornos depressivos e de ansiedade, são caracterizados por episódios que podem ter remissão. Transtornos crônicos, como esquizofrenia, transtorno bipolar e transtornos de personalidade, têm um curso mais persistente, mas podem ter remissão parcial ou total. Ela também menciona os transtornos do neurodesenvolvimento (TDAH, autismo) e os transtornos degenerativos (demências), que são mais difíceis de ter remissão total.
Semiologia dos Transtornos Mentais
Fernanda Landeiro introduz o conceito de semiologia dos transtornos mentais, que é a ferramenta que auxilia o profissional a chegar a um diagnóstico mais preciso. Ela explica que a semiologia complementa a entrevista clínica, pois não existem marcadores biológicos para transtornos mentais. Ela destaca a importância de entender os sinais e sintomas dos transtornos mentais para avaliar as funções psíquicas.
Sinais e Sintomas
Fernanda Landeiro define a diferença entre sinais e sintomas. Sinais são comportamentos observáveis, como a aparência, postura e autocuidado do paciente. Sintomas são vivências subjetivas, relatadas pelo paciente, como tristeza, raiva e alucinações. Ela destaca que um sintoma sozinho não é suficiente para fechar um diagnóstico.
Erros Comuns na Avaliação de Sinais e Sintomas
Fernanda Landeiro apresenta exemplos de erros comuns que as pessoas cometem ao avaliar sinais e sintomas. Ela explica que ouvir vozes não significa necessariamente esquizofrenia, e que a automutilação não é exclusiva de pacientes com transtorno de personalidade borderline. Ela usa a analogia da fumaça para ilustrar a importância de conhecer os sinais e sintomas para fazer uma avaliação precisa.
Forma e Conteúdo dos Sintomas
Fernanda Landeiro explica que, ao avaliar um sinal ou sintoma, é importante considerar a forma e o conteúdo. A forma se refere à estrutura básica do sintoma, que é relativamente semelhante em diferentes pacientes. O conteúdo se refere ao que preenche essa estrutura, como temas, histórias e experiências pessoais. Ela usa os termos patogênese e patoplastia para descrever esses dois aspectos.
Funções Psíquicas
Fernanda Landeiro explica a importância de avaliar as funções psíquicas, que são as funções mentais que permitem ao indivíduo captar a realidade e ser influenciado por ela. Ela divide as funções psíquicas em elementares (consciência, atenção, orientação, vivência do tempo e espaço, senso percepção, memória, afetividade, vontade, psicomotricidade, pensamento, juízo de realidade e linguagem) e compostas (eu, self, personalidade, inteligência e cognição social).
Avaliação das Funções Psíquicas
Fernanda Landeiro explica que a avaliação das funções psíquicas é feita principalmente através da entrevista clínica. Ela menciona que existem alguns testes e escalas que podem auxiliar na avaliação, mas não são obrigatórios. Ela apresenta exemplos de testes e escalas para avaliar atenção, afetividade, memória e inteligência.
Juízo de Realidade
Fernanda Landeiro aprofunda a discussão sobre o juízo de realidade, que é a capacidade de distinguir a realidade da fantasia. Ela explica que o juízo de realidade é fundamental para a vida humana e que suas alterações podem ser patológicas. Ela destaca a importância de entender a diferença entre erro simples e delírio.
Erro Simples e Delírio
Fernanda Landeiro explica a diferença entre erro simples e delírio. Erro simples é um erro de julgamento que se origina da ignorância ou de uma percepção superficial. Delírio, por sua vez, é um erro de julgamento patológico, que se origina de um adoecimento mental. Ela destaca que o delírio é incompreensível e irredutível, mesmo com provas da realidade.
Alterações Patológicas do Juízo de Realidade
Fernanda Landeiro apresenta as alterações patológicas do juízo de realidade, além do delírio. Ela explica o conceito de ideias prevalentes ou sobrevaloradas, que são ideias que dominam o pensamento do indivíduo, e o delírio, que é uma crença falsa e irremovível. Ela destaca as características do delírio, como a convicção extraordinária, a irrefutabilidade e o conteúdo falso.
Dimensões dos Delírios
Fernanda Landeiro discute as dimensões dos delírios, como o grau de convicção, a extensão, a bizarrice, a desorganização, a resposta afetiva e o comportamento em função do delírio. Ela também explica a diferença entre delírio primário e secundário.
Tipos de Delírios
Fernanda Landeiro apresenta diferentes tipos de delírios, como delírio de perseguição, delírio de referência, delírio de influência, delírio de grandeza, delírio religioso, delírio de ciúme e delírio erótico. Ela destaca a importância de avaliar a justificativa dada pelo paciente para identificar um delírio.
Estados Pré-Delirantes
Fernanda Landeiro explica o conceito de estados pré-delirantes, que são os estados que antecedem o surgimento do delírio. Ela descreve o humor delirante, a perplexidade, a aflição e a ansiedade que o paciente pode experimentar antes de desenvolver o delírio.
Funções Psíquicas e Diagnósticos do DSM
Fernanda Landeiro apresenta exemplos de como as funções psíquicas podem estar alteradas em diferentes transtornos mentais, de acordo com o DSM. Ela descreve as alterações nas funções psíquicas em pacientes com transtorno depressivo maior, transtorno bipolar, transtorno de personalidade narcisista, transtorno de personalidade antissocial.
Encerramento
Fernanda Landeiro encerra a aula lembrando que o conteúdo da semana será intenso e que os alunos podem reassistir à aula para fixar o conteúdo. Ela também informa que responderá às dúvidas dos alunos na caixinha do Instagram no dia seguinte. Ela convida os alunos para a aula do dia seguinte, que será sobre o DSM 5TR, e para o quiz que será realizado na plataforma Caru. Ela também informa sobre o sorteio do kit especial, que será realizado no Instagram.