Breve Resumo
Este vídeo aborda o tema do sedentarismo cognitivo, explorando como o uso excessivo da tecnologia, especialmente a inteligência artificial (IA), impacta negativamente as habilidades cognitivas, a criatividade e o desenvolvimento socioemocional, principalmente entre os jovens. A apresentação discute a importância de equilibrar o uso da tecnologia com atividades que estimulem o raciocínio e a interação social, além de analisar o papel da educação e das políticas públicas na promoção do letramento digital e na mitigação dos efeitos nocivos do sedentarismo cognitivo.
- O sedentarismo cognitivo é um tema central no contexto educacional atual.
- O uso excessivo da tecnologia pode levar à perda de habilidades cognitivas e socioemocionais.
- A educação e as políticas públicas desempenham um papel crucial na promoção do letramento digital e no equilíbrio do uso da tecnologia.
Aposta no Tema do ENEM e Introdução ao Sedentarismo Cognitivo
A professora destaca a importância do tema do sedentarismo cognitivo, considerando-o o mais relevante entre os temas abordados até o momento. Ela explica que o tema surgiu de uma discussão sobre o sedentarismo cognitivo e suas implicações, mencionando que a proibição do uso de celulares nas escolas é uma medida relacionada a essa questão. A justificativa para essa proibição reside nos prejuízos que o consumo excessivo de tecnologia causa ao aprendizado, afetando a capacidade cognitiva dos alunos.
Argumentação Sobre a Educação Nacional e a Chegada da Inteligência Artificial
A educação nacional é caracterizada como antiquada, conservadora e conteudista, o que impede o desenvolvimento do senso crítico e da autonomia dos alunos. A Constituição Federal, por outro lado, preconiza a educação como um direito de todos, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa e ao exercício da cidadania. Em contraste com o cenário nacional, a educação finlandesa é apresentada como um modelo que valoriza conteúdos além das disciplinas tradicionais, com uma carga horária menor e sem tarefas extraclasse. A chegada da inteligência artificial (IA) agrava o problema, pois os alunos estão substituindo suas capacidades cognitivas pelo uso de softwares, o que é considerado perigoso.
Prejuízos do Sedentarismo Cognitivo e Habilidades Perdidas
O principal prejuízo do sedentarismo cognitivo é a perda da criatividade, do raciocínio rápido e da criticidade, resultando em pensamento acrítico, dificuldade de argumentação, apatia intelectual e desinformação. A professora observa que os alunos estão perdendo o hábito de escrever à mão, o que prejudica a agilidade e a caligrafia. Dados comprovam que as gerações mais novas têm um QI inferior ao dos pais, e a geração Z apresenta falta de habilidades socioemocionais devido ao uso excessivo da tecnologia. A lei que proíbe o uso de celulares nas escolas, inclusive no intervalo, visa estimular o contato pessoal e as habilidades socioemocionais e comunicativas.
Contextualização do Sedentarismo Cognitivo e a Geração TikTok
É necessário contextualizar o sedentarismo cognitivo, explicando o que é e como ele ganha espaço na sociedade. A geração atual, de nativos digitais, está imersa nessa condição, com crianças de 4 anos já dominando o uso de celulares e aplicativos como TikTok e YouTube. Essa geração prioriza a instantaneidade dos vídeos curtos, o que é oposto à educação, que requer dedicação, concentração e raciocínio. A dependência do celular é preocupante, com relatos de dificuldades em manter a atenção em atividades como assistir a um filme no cinema.
Efeito Google e a Perda de Memória
O "efeito Google" é o esquecimento de dados básicos devido à facilidade de acesso à informação nos smartphones. As pessoas não se lembram de números de telefone, datas de aniversário ou como se locomover sem aplicativos. A escola deveria ser um espaço para tornar o aprendizado do Google crítico e independente, mas não é o que acontece. A facilidade de consultar informações na palma da mão não exige grandes esforços da memória, e as pessoas terceirizam tudo para o bloco de notas do celular ou grupos no WhatsApp.
A Tecnologia como Remédio e Veneno: A Dose Certa
A tecnologia não é o vilão, mas sim o mau uso e o uso exagerado dela. A diferença entre o remédio e o veneno está na dose de consumo da tecnologia. O cérebro se torna mais fraco com o tempo quando tudo ao redor requer menos esforço mental. A diminuição da atenção, a menor capacidade criativa e a falta de resolução de problemas representam um risco maior de desenvolver demência. Estudos mostram que o Brasil está acima da média mundial no uso da IA e no consumo de redes sociais, e usuários de ferramentas de IA tendem a apresentar desempenho inferior nos níveis neural, linguístico e comportamental.
Estudos do MIT e a Subcontratação da IA
Um estudo do MIT revelou que, embora o uso da inteligência artificial possa melhorar o desempenho em tarefas iniciais, a longo prazo, o grupo que não utilizou a IA desde o início apresenta um desempenho superior. Isso demonstra que o desempenho inicial é um falso desempenho, impulsionado pelo software, e não pela capacidade humana. É preciso parar de "subcontratar" a IA para realizar as funções do nosso cérebro, utilizando-a com moderação e revisando os textos gerados pela IA para garantir a qualidade e a originalidade.
Consequências da Perda de Capacidade de Leitura e a IA como Suporte
O IBGE constatou a perda da capacidade de leitura entre os brasileiros, e a inteligência artificial não deve ser vista como vilã, mas sim como um suporte. O problema é o uso excessivo e a delegação total de tarefas à IA. A IA pode ser utilizada para auxiliar na gramática, mas não para escrever o texto completo. A inteligência artificial nunca alcançará a capacidade humana de pensar de maneira criativa.
Habilidades Perdidas e a Música como Arte
A falta de coordenação motora para escrever a lápis é uma realidade. As pessoas têm dificuldade em memorizar caminhos e ruas, dependendo de aplicativos de localização. Uma música do Chico Science critica a ideia de que computadores fazem arte, enquanto artistas fazem dinheiro. É impossível delegar à IA aquilo que nos torna humanos: o pensamento, a criatividade e o erro. O uso excessivo da tecnologia atrofia o telencéfalo, a parte do cérebro responsável pelo pensamento.
Atividades Cognitivas e a Lei em Vigor
É fundamental ativar sempre uma atividade cognitiva, como aprender algo novo, ler, escrever e brincar com jogos que exijam raciocínio. A escola é responsável por fornecer essas atividades, como escrita criativa, jogos de raciocínio lógico, gincanas esportivas e teatro, para estimular a criatividade e a capacidade socioemocional. A meditação e a atividade física, aliadas às interações sociais, são extremamente benéficas. A dependência cognitiva das ferramentas de IA leva muitas pessoas a se inclinarem para essa dependência.
Efeito Google e a Capacidade de Pensar Criativamente
O efeito Google descreve a tendência de esquecer informações facilmente acessíveis online. Um estudo da Universidade de Toronto descobriu que o uso de grandes modelos de linguagem em sistemas de IA reduz a capacidade dos humanos de pensar criativamente. Embora essas ferramentas possam melhorar o desempenho no curto prazo, elas podem reduzir a capacidade dos humanos de pensar de forma independente e criativa ao longo do tempo.
Modernidade Líquida e o Sedentarismo Intelectual
A modernidade líquida de Zigmund Balman reflete a superficialidade a partir da tecnologia. Ao confiar sistematicamente nessas tecnologias para a resolução de problemas, nosso cérebro perde oportunidades valiosas de desenvolver e manter suas habilidades cognitivas fundamentais. O uso excessivo de ferramentas de IA pode levar ao sedentarismo intelectual, fomentando uma mentalidade passiva de consumo de informação.
Aprendizado Social e o Conforto Mental
O uso excessivo dessas ferramentas pode atrapalhar o aprendizado social, contrariando o artigo constitucional que diz que a educação deve estimular essas habilidades. Cria-se um estado de conforto mental, onde as tarefas são resolvidas de forma rápida e fácil, reduzindo a motivação para a atividade intelectual e tornando o comportamento passivo. A pessoa se torna um sujeito passivo, dependente da tecnologia e incapaz de pensar e agir autonomamente.
Recomendações de Uso e o Letramento Digital
É fundamental incentivar o uso ativo e crítico dessas ferramentas, alternando o uso da inteligência artificial com tarefas cognitivas manuais. O ideal é usar a inteligência artificial como facilitadora, mas não como substituta do esforço intelectual. Em 2014, a atenção média de uma pessoa assistindo a algo em uma tela era de 2 minutos e meio; agora são apenas 47 segundos. A Geração Z está perdendo a habilidade comunicativa, e 40% não são fluentes em comunicação.
Fábrica de Cretinos Digitais e a BNCC
O neurocientista francês Michel Desmurget afirma que as novas gerações são as primeiras a apresentar um QI inferior ao dos pais, relacionado ao uso excessivo de tecnologia e telas, como explicado em seu ensaio "A Fábrica de Cretinos Digitais". A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) sofreu alterações visando aplacar essa deficiência, com competências para resgatar as habilidades socioemocionais. A internet pode nos fornecer mais informações e entretenimento, mas também contribui para nos tornar menos pacientes, mais superficiais, menos informados e menos atenciosos.
Proibição do Uso de Celular nas Escolas e a Eficiência da Lei
Está em vigor desde fevereiro a proibição do uso de celular nas escolas, mas a lei não é clara sobre as diretrizes, deixando a cargo das instituições determinar as estratégias de implementação. A lei visa salvaguardar a saúde mental, física e psíquica de crianças e adolescentes, promovendo um ambiente escolar mais saudável e equilibrado. A lei sozinha, sem a mudança cultural e a colaboração da família, não terá um efeito considerável.
Otimização do Uso da Tecnologia e a Dificuldade de Concentração
É importante otimizar o uso da tecnologia, potencializar os benefícios e mitigar os efeitos nocivos. Os jovens têm muita dificuldade de concentração, além de danos socioemocionais causados pelo mau uso da tecnologia. Segundo os professores, os alunos estão mais concentrados e socializam mais, com uma participação maior nas aulas e notas melhores.
Reformulação da BNCC e Atividades Colaborativas
A reformulação da BNCC, com o Ministério da Educação como agente, e a capacitação docente são fundamentais. É preciso implementar metodologias ativas de aprendizagem, como projetos de leitura, escrita criativa e debates, a fim de estimular o pensamento crítico entre os jovens. Promover atividades colaborativas, práticas esportivas e apresentações culturais com o intuito de desenvolver a criatividade e competências socioemocionais.