Breve Resumo
Este vídeo do Professor Ricardo Marcílio oferece uma análise detalhada do clima no Brasil, abordando os fatores climáticos, massas de ar e os diferentes tipos de climas presentes no país. O professor explica como a latitude, altitude, massas de ar, correntes marítimas e a continentalidade influenciam o clima brasileiro, além de detalhar as características de cada massa de ar e seus efeitos nas diferentes regiões do Brasil.
- Fatores climáticos como latitude e altitude influenciam a temperatura e pluviosidade.
- Massas de ar determinam as características climáticas de diferentes regiões.
- O Brasil possui seis tipos climáticos principais, cada um com características distintas.
Introdução ao Clima do Brasil
O Brasil, devido à sua vasta extensão territorial de 8,5 milhões de quilômetros quadrados e grande extensão latitudinal (de 5°N a 30°S), apresenta uma enorme variedade climática. Diferente de países menores com climas mais homogêneos, o Brasil possui uma diversidade de climas devido a fatores como altitude, latitude e distância do equador. O professor Ricardo Marcílio enfatiza a importância de entender os fatores climáticos em vez de simplesmente memorizar climogramas, que são representações gráficas do clima.
Fatores Climáticos: Latitude, Altitude e Relevo
Os elementos do clima são temperatura, umidade, pressão e pluviosidade, enquanto os fatores climáticos são os determinantes das mudanças nesses elementos. Os cinco principais fatores climáticos são: latitude, altitude, massas de ar, correntes marítimas e continentalidade/maritimidade. O Brasil é predominantemente intertropical, com exceção da região sul, que é temperada ou subtropical. A altitude influencia a temperatura, com áreas mais altas tendendo a ser mais frias. O relevo brasileiro, predominantemente de baixas e médias altitudes, contribui para altas temperaturas, com exceções notáveis como os mares de morros do sudeste e o planalto das Guianas.
Correntes Marítimas e Maritimidade/Continentalidade
As correntes marítimas, comparadas a "turbilhões de água", podem ser quentes ou frias. Correntes quentes tornam o litoral mais úmido e chuvoso, enquanto correntes frias tendem a tornar o litoral mais seco. O Brasil é influenciado por três correntes marítimas: a corrente Sul Equatorial (quente), que se divide em corrente do Brasil (quente) e corrente das Guianas (quente), e a corrente das Malvinas (fria), que afeta o sul do país, tornando as águas mais frias e o litoral menos chuvoso. A maritimidade e continentalidade referem-se à proximidade ou distância de um território em relação ao oceano. Áreas com alta maritimidade têm menor amplitude térmica, enquanto áreas com alta continentalidade têm maior variação de temperatura. O Brasil, em geral, apresenta alta maritimidade, resultando em menor amplitude térmica.
Massas de Ar: Formação e Características
As massas de ar são porções da atmosfera com características comuns, dependendo de sua área de formação. O Brasil é influenciado por cinco massas de ar principais: massa Equatorial Continental (mEc), massa Equatorial Atlântica (mEa), massa Tropical Atlântica (mTa), massa Tropical Continental (mTc) e massa Polar Atlântica (mPa). A nomenclatura das massas de ar segue um padrão: a primeira letra (minúscula) indica que é uma massa, a segunda (maiúscula) indica se é equatorial, tropical ou polar, e a terceira (minúscula) indica se é continental ou oceânica. As características de cada massa de ar são determinadas por sua origem: massas equatoriais são quentes, massas tropicais são quentes, massas polares são frias, massas atlânticas são úmidas e massas continentais são secas.
Atuação da Massa Equatorial Continental (mEc)
A massa Equatorial Continental (mEc), que se forma sobre a Amazônia, é quente e úmida devido à convergência dos alísios, à baixa pressão atmosférica e à evapotranspiração da floresta amazônica. É conhecida como "rios voadores" devido à sua capacidade de transportar umidade para outras regiões do Brasil. No inverno, a mEc fica restrita à Amazônia, enquanto no verão se expande, levando umidade para o Centro-Oeste e Sudeste. A Cordilheira dos Andes desempenha um papel importante ao desviar a mEc, garantindo que a umidade seja direcionada para o território brasileiro. A mEc é responsável pelas chuvas de convecção, que são comuns no verão e resultam em tempestades intensas e rápidas.
Atuação da Massa Tropical Atlântica (mTa)
A massa Tropical Atlântica (mTa) atua principalmente no litoral do Sudeste e Nordeste, especialmente no inverno. Sendo quente e úmida, aumenta a temperatura e a pluviosidade. No entanto, a presença dos mares de morros no litoral brasileiro cria uma barreira natural, resultando em chuvas orográficas ou de relevo. A mTa é bloqueada pelas serras, e ao tentar subir, a umidade se condensa, formando nuvens e chuva. As áreas que recebem os ventos úmidos são chamadas de "barlavento", enquanto as áreas que recebem os ventos secos são chamadas de "sotavento". São Paulo, por exemplo, está localizada no sotavento da Serra do Mar, recebendo ventos mais secos.
Atuação da Massa Polar Atlântica (mPa)
A massa Polar Atlântica (mPa) é a única massa de ar fria que atua no Brasil, causando queda de temperatura e aumento da pluviosidade. Sua atuação é mais forte no inverno, avançando pelo país e chegando até a Amazônia, onde causa o fenômeno da friagem, que é uma queda brusca de temperatura. No Centro-Sul, a mPa causa geadas, que são o congelamento da umidade presente na atmosfera durante a noite. No litoral do Nordeste, o encontro da mPa com a mTa causa chuvas frontais, que são chuvas mais perenes e menos intensas.
Frentes Frias e Massas de Ar Secas
Uma frente fria é o encontro de massas de ar, sendo que para ser considerada fria, ao menos uma das massas deve ser fria, no caso, a mPa. O ar frio, mais denso, obriga o ar quente e úmido a subir, causando a formação de nuvens e chuva. A chuva frontal é causada por esse encontro de massas e é mais comum no inverno. A massa Tropical Continental (mTc) é a única massa de ar seca que atua no Brasil, principalmente no Centro-Oeste durante o inverno, causando um clima quente e seco, com baixa umidade relativa do ar. A massa Equatorial Atlântica (mEa) atua no litoral norte do Nordeste, causando chuvas e aumento da temperatura, e contribui para os projetos eólicos na região, juntamente com os ventos alísios.
Climogramas e Tipos Climáticos do Brasil
Um climograma é um gráfico que representa as temperaturas e a pluviosidade de uma região ao longo do ano. A linha representa a temperatura e as colunas representam a pluviosidade. O Brasil possui seis tipos climáticos principais: equatorial, tropical típico, tropical úmido, tropical de altitude, tropical semiárido e subtropical. O clima equatorial, presente na região Norte, é quente e úmido o ano inteiro devido à baixa latitude, baixa altitude e à atuação da mEc. O clima tropical típico, predominante no Centro-Oeste, tem duas estações bem definidas: inverno seco e verão chuvoso, com atuação da mTc no inverno e da mEc no verão.
Climas Tropical Úmido, de Altitude e Semiárido
O clima tropical úmido, encontrado no litoral do Nordeste, tem chuvas concentradas no inverno devido ao encontro da mPa com a mTa, resultando em chuvas frontais. O clima tropical de altitude, típico das serras do Sudeste, é similar ao tropical típico, mas com temperaturas mais baixas devido à altitude elevada. O clima tropical semiárido, presente no sertão nordestino, é quente e seco devido à formação de uma zona de alta pressão atmosférica que impede a chegada de ventos úmidos.
Clima Subtropical
O clima subtropical, típico do sul do Brasil, é um clima temperado com as quatro estações bem definidas. Apresenta a maior amplitude térmica do Brasil, com verões quentes e invernos frios, e as chuvas são relativamente bem distribuídas ao longo do ano. A principal diferença entre o clima subtropical e o equatorial é a variação de temperatura, que é muito maior no subtropical.