Breve Resumo
O artigo aborda a alta do dólar e suas implicações para a economia brasileira no governo Lula. Analistas apontam que a desvalorização do real reflete a percepção de risco fiscal e a saída de investidores. O governo enfrenta desafios para equilibrar as contas públicas, e decisões como a PEC da Transição e a demora em conter gastos contribuíram para a crise. A oposição critica a política econômica, enquanto economistas defendem a revisão de benefícios tributários e questionam a meta de inflação. Apesar das dificuldades, o impacto nas eleições de 2026 dependerá do desempenho do desemprego e da inflação.
- A alta do dólar reflete a percepção de risco fiscal e a saída de investidores.
- Decisões do governo, como a PEC da Transição, contribuíram para a crise.
- Economistas defendem a revisão de benefícios tributários e questionam a meta de inflação.
- O impacto nas eleições de 2026 dependerá do desempenho do desemprego e da inflação.
[Dólar em Alta e o Cenário Econômico Desfavorável]
A forte valorização do dólar, atingindo patamares acima de R$ 6,30, trouxe um clima de incerteza para o governo Lula, ofuscando resultados positivos como o crescimento econômico e a baixa taxa de desemprego. A desvalorização do real expôs a crise fiscal, com dificuldades em equilibrar as contas públicas e controlar o endividamento, o que pode alimentar a inflação e manter os juros altos. Analistas apontam que os fundamentos econômicos não justificam um dólar tão alto, e a fuga de investidores reflete a percepção de risco sobre a capacidade do governo de honrar suas dívidas.
[Críticas da Oposição e Desafios na Gestão Fiscal]
A oposição tem explorado o cenário de alta do dólar, comparando a política econômica de Lula à do governo Dilma. Economistas reconhecem que o desafio fiscal é anterior à atual gestão, mas criticam decisões de Lula na administração das contas públicas. Um dos erros apontados foi a demora em realizar o ajuste fiscal no início do governo, o que deixou o governo em situação desconfortável. O anúncio de um pacote de corte de gastos simultâneo ao aumento da isenção de Imposto de Renda foi considerado inadequado, aumentando o custo de um ajuste fiscal agora.
[Tempo Perdido e Implicações Políticas]
O governo Lula perdeu tempo ao não implementar um ajuste nas contas públicas mais cedo, o que pode dificultar a reversão do cenário. A demora em conter gastos aumentou o custo do ajuste fiscal, e a alta do dólar dificulta o trabalho do Banco Central, exigindo juros mais altos. A situação é complexa, e o governo pode não ter a mesma margem de manobra que Bolsonaro teve em 2022, quando elevou as despesas com benefícios sociais. A irritabilidade em relação ao governo, derivada da polarização e de decisões questionáveis, pode ser um fator chave para entender o cenário.
[Gastos Ampliados e a Perda de Confiança]
Após a PEC das Bondades de Bolsonaro, Lula iniciou seu governo com a PEC da Transição, que permitiu aumentar as despesas acima do teto em R$ 145 bilhões. O objetivo era ampliar o valor do Bolsa Família e retomar políticas públicas, além de retomar a política de correção do salário mínimo acima da inflação. Essa medida, embora importante para melhorar a renda dos mais pobres, tem forte impacto nas contas públicas. A demora em adotar medidas de contenção de gastos contribuiu para a perda de confiança na política fiscal.
[Argumentos de Haddad e a Necessidade de Revisar Benefícios Tributários]
Uma medida importante para equilibrar as contas públicas é rever os benefícios tributários, defendida por Haddad, mas que enfrenta resistências no Congresso. A renúncia fiscal deve somar R$ 544 bilhões em 2025, o equivalente a 4,4% do PIB. Haddad argumenta que a União fecharia 2024 com saldo positivo se o Congresso tivesse aprovado a proposta de rever alguns desses benefícios. Ele questiona a priorização da correção do gasto primário em detrimento da correção do gasto tributário.
[Críticas ao Judiciário e ao Congresso]
Analistas apontam que a crise fiscal não reflete apenas decisões do governo atual, mas também a responsabilidade dos outros Poderes. O Judiciário é cobrado a reduzir os supersalários, e o Congresso resiste em cortar benefícios tributários, ao mesmo tempo que amplia o valor das emendas parlamentares. Há um desarranjo institucional que cria uma conjuntura desfavorável ao governo Lula.
[Impactos para 2026 e a Meta de Inflação]
Apesar do cenário difícil, isso ainda não altera o prognóstico de reeleição de Lula. O desempenho do desemprego e da inflação serão cruciais para sua força eleitoral. O Banco Central está elevando a taxa de juros para trazer a inflação para dentro da meta, mas a meta atual é considerada muito baixa por alguns economistas. A política de juros altos inibe a atividade econômica, e o aumento dos gastos públicos pressiona a dívida. Haddad afirmou que o governo não tem intenção de mudar a meta de inflação no momento.