Mesa 01 - "Arte e Antropologia"

Mesa 01 - "Arte e Antropologia"

Breve Sumário

Este vídeo é a gravação da primeira mesa da Jornada de Ciências Humanas e Sociais, intitulada "Arte e Antropologia". A mesa redonda conta com a participação de diversas professoras e pesquisadoras da área, que discutem a relação entre arte e antropologia, abordando temas como a arte indígena, a cultura popular maranhense, o surrealismo e a colonialidade.

  • A relação entre arte e antropologia é complexa e multifacetada.
  • A arte indígena e a cultura popular maranhense são importantes expressões da identidade brasileira.
  • O surrealismo e a colonialidade são temas relevantes para a compreensão da arte e da cultura contemporânea.

Abertura e Introdução

A mesa "Arte e Antropologia" é apresentada como parte da Jornada de Ciências Humanas e Sociais, com o tema "Territorialidades e Cultura em Tempos de Resistência". São apresentadas as participantes: as professoras Larissa Lacerda Menendez, Jardim Nelma Ferreira Rolando Borges, Lisiane Castro Matos e Ana Caroline Amorim Oliveira, que atuará como mediadora. Cada uma tem vasta experiência em áreas como artes visuais, antropologia social, cultura popular e estudos sobre povos indígenas.

Apresentação de Lisiane Castro Matos

Lisiane Castro Matos inicia sua apresentação, mencionando sua formação em Ciências Sociais e sua atuação na área da cultura popular. Ela compartilha resultados de uma pesquisa de 10 anos sobre o cazumba, um personagem da cultura popular da Baixada Maranhense. Seu interesse inicial era estético, mas evoluiu para uma abordagem antropológica, buscando entender o significado do cazumba na vida das pessoas.

O Cazumba e o Bumba-Meu-Boi

Lisiane explica que o cazumba é um personagem do folclore maranhense, encontrado principalmente na região da Baixada Maranhense. Ela descreve sua experiência como monitora de museu e seu encontro com o personagem, que despertou seu interesse por suas características estéticas. A pesquisa evoluiu para uma abordagem antropológica, buscando compreender o sentido do cazumba na vida das pessoas e a relação com a religiosidade popular. Ela também aborda o Bumba-Meu-Boi, outra importante manifestação cultural do Maranhão, e a relação entre arte e religiosidade nessas expressões.

Transformações e Relações Sociais

Lisiane discute as transformações no personagem do cazumba ao longo dos anos e as relações sociais entre os brincantes. Ela observa que a indumentária do personagem se tornou mais grandiosa, com torres mais altas, o que gerou disputas por prestígio. A mudança na indumentária também alterou a expressão corporal do personagem, limitando seus movimentos. A devoção a São João é um elemento central na vida dos brincantes, que veem no cazumba um sentido para suas vidas, cumprindo promessas e obrigações religiosas.

Arte, Antropologia e a Dioniso na Cultura Popular Maranhense

Lisiane destaca a importância da arte e da antropologia na compreensão da cultura popular maranhense, mencionando a dedicação dos artesãos na produção artesanal dos adereços do cazumba. Ela ressalta a questão religiosa, com a representação de símbolos católicos nas vestimentas. A pesquisadora conclui sua apresentação, agradecendo a oportunidade de compartilhar sua pesquisa e se colocando à disposição para perguntas.

Apresentação de Larissa Lacerda Menendez

Larissa Lacerda Menendez aborda as artes indígenas, a estética poética e a antropologia, destacando a crescente visibilidade de artistas indígenas no cenário nacional. Ela questiona por que apenas na última década as artes indígenas ganharam destaque, considerando a ausência dessas manifestações nos currículos de artes visuais e nos museus. Larissa ressalta a importância de reconhecer a diversidade dos povos indígenas e o contexto político brasileiro, que ameaça os direitos conquistados.

Colonialidade e a Visão Eurocêntrica

Larissa discute o conceito de colonialidade, que perpetua estruturas de uma sociedade escravocrata e patriarcal, legitimando a violência contra os povos indígenas. Ela critica a visão eurocêntrica da história, que oculta a colaboração indígena e impõe uma ideia de modernidade que beneficia apenas uma elite. A antropologia, como ciência que nasce nesse contexto colonial, exerce sua própria crítica e busca a autorreflexão.

Contribuições da Antropologia para a Reflexão sobre as Artes Indígenas

Larissa destaca a importância dos estudos antropológicos para a construção de uma história das artes indígenas. Ela menciona Franz Boas, que reconheceu a riqueza das manifestações artísticas indígenas e a habilidade de alguns indivíduos na fabricação de peças. Boas chamou atenção para as questões estéticas e a poética da fabricação dos objetos, em contraposição a uma perspectiva funcionalista que se preocupava apenas com o uso dos objetos em rituais.

A Poética e a Diversidade das Artes Indígenas

Larissa apresenta exemplos de pinturas corporais e cestarias indígenas, destacando a diversidade de materiais, procedimentos e técnicas. Ela ressalta que nem todas as pessoas da comunidade dominam as técnicas ou as expressam virtuosamente. A pesquisadora critica a ideia de que as produções indígenas são coletivas e que qualquer pessoa pode fazê-las, assim como a visão de que a cestaria é um simples artesanato.

Armadilhas e Reflexões sobre as Artes Indígenas

Larissa alerta para duas armadilhas ao pensar as artes indígenas: o relativismo cultural extremo e a universalização da arte. Ela explica que a universalização da arte pode levar à designação de outras artes como "afro-brasileira" ou "indígena", marginalizando-as das instituições legitimadas. A pesquisadora questiona se o recente "boom" das artes indígenas não seria uma expressão contemporânea de colonização estética, considerando o contexto político de violência contra os povos indígenas.

A Arte Indígena Contemporânea como Armadilha

Larissa apresenta pinturas de artistas indígenas contemporâneos, como Feliciano Lana e Amarante Wanna to my, que se apropriam de materiais e técnicas da arte eurocêntrica para expressar sua cultura e tradições. Ela cita a autora decolonial los tá nova, que critica a apropriação do outro e o multiculturalismo de boutique. Larissa conclui sua apresentação com uma reflexão de jaider esbell, que vê na arte indígena contemporânea uma armadilha para identificar armadilhas.

Apresentação de Josineide Rolando

Josineide Rolando inicia sua apresentação com uma autodescrição para garantir acessibilidade. Ela agradece o convite e expressa sua satisfação em compartilhar o espaço com as outras participantes. Josineide aborda a relação entre arte moderna, surrealismo e antropologia, apresentando um texto elaborado em conjunto com outras pesquisadoras, inspirado em intelectuais martinicanas.

Surrealismo, Modernismo e Antropofagia

Josineide explora as relações entre o surrealismo norte-americano e o modernismo brasileiro, questionando o paradoxo de quando o primitivo se torna moderno. Ela menciona o Manifesto Antropófago de Oswald de Andrade e a busca por valorização das culturas negras e indígenas no modernismo brasileiro. A pesquisadora destaca a influência da etnografia no surrealismo e a proximidade entre surrealistas e etnólogos nas décadas de 1920 e 1930.

Poesia Etnográfica e o Espírito de Raça

Josineide apresenta sua "poesia etnográfica", um texto experimental que busca explorar as relações entre surrealismo, modernismo e antropologia. Ela explica que o texto é construído a partir de fragmentos e referências diversas, com o objetivo de impactar e provocar reflexões. A pesquisadora menciona a metáfora do canibalismo e a apropriação do primitivo pelas vanguardas artísticas, questionando o papel do negro e do indígena no modernismo brasileiro.

Viagem Surrealista e a Negritude Martinicana

Josineide realiza uma "viagem surrealista" entre França, Brasil e Martinica, explorando as relações entre artistas e etnólogos. Ela menciona Josephine Baker e a "negrofilia" na Paris dos anos 1920, assim como a comunidade de intelectuais negras que se reuniam no salão clamar. A pesquisadora destaca a importância da negritude martinicana, que canibaliza o surrealismo e o transforma em um projeto revolucionário.

Retorno a Si Mesmo e a Consciência Racial

Josineide conclui sua apresentação com um chamado ao retorno a si mesmo e à consciência racial. Ela cita Jane dargal, que defende a importância de o negro conhecer a si mesmo e afirmar sua personalidade. A pesquisadora questiona o papel do humanismo do pós-guerra e defende a importância do "espírito de raça". Josineide encerra sua fala com uma homenagem a parte Batman, convidando-a a embarcar em um navio de volta e narrar a história de seu povo em primeira pessoa.

Debate e Perguntas

Após as apresentações, é aberto um espaço para debate e perguntas. As professoras comentam sobre a importância das falas e a relação entre arte e antropologia. São abordados temas como a diversidade cultural brasileira, a religiosidade e a relação entre povos originários e comunidades quilombolas. São feitas perguntas sobre a limitação da arte indígena às dimensões do passado e o entendimento equivocado da estética indígena.

Respostas e Reflexões

As professoras respondem às perguntas e compartilham suas reflexões. Larissa discute o paradoxo de universalizar a arte e a importância de criticar a colonialidade do saber. Josineide comenta sobre a necessidade de recontar as histórias e a importância de dar voz aos povos indígenas. Lisiane compartilha suas experiências como estudante e pesquisadora, destacando a importância de questionar as estruturas e as narrativas estabelecidas.

Considerações Finais e Agradecimentos

As professoras fazem suas considerações finais e agradecem o convite e a oportunidade de participar da mesa. Elas destacam a importância do debate e a necessidade de continuar a discutir a relação entre arte e antropologia. As participantes também anunciam a doação de livros para sorteio entre os participantes do evento.

Sorteio de Livros e Encerramento

É realizado o sorteio de livros entre os participantes do evento. Os sorteados são anunciados e orientados a entrar em contato com a organização da jornada para receber seus prêmios. A mesa é encerrada com agradecimentos e votos de sucesso para o evento.

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