Breve Resumo
Este vídeo apresenta uma discussão sobre as transições da aprendizagem, abordando mitos, desafios e a importância de considerar fatores contextuais e limitações individuais. A palestrante, Vanessa Krominsk, explora a necessidade de superar a rotulação, medicalização e psicologização da aprendizagem, defendendo uma abordagem que valorize as potencialidades dos alunos e promova o vínculo como elemento dinamizador do aprendizado. Ela também discute o conceito de neuroplasticidade e a influência da epigenética no desenvolvimento, destacando o papel fundamental dos educadores na transformação das vidas dos alunos.
- Desmistificação de padrões ideais de aprendizagem.
- Ênfase na importância do vínculo e da escuta ativa no processo de aprendizagem.
- Discussão sobre a neuroplasticidade e o papel da epigenética na superação de limitações.
Abertura e Introdução
A professora Luciana Rossato, coordenadora institucional do PIBID/UDESC, apresenta o programa e seus subprojetos, destacando o investimento na formação docente e o apoio financeiro da UDESC. Em seguida, a professora Tânia Anglaud introduz a convidada da noite, Dra. Vanessa Krominsk, pedagoga com vasta experiência em educação, psicopedagogia e atendimento a pessoas com neurodivergências. A professora Tânia ressalta a relevância da temática para os participantes do PIBID, que enfrentam desafios relacionados a essas questões no dia a dia.
Transições da Aprendizagem e o Modelo Ideal
A professora Vanessa Krominsk inicia sua apresentação abordando o conceito de transições da aprendizagem e a importância de considerar o contexto em que elas ocorrem. Ela utiliza a imagem do Homem Vitruviano como metáfora para a busca por um modelo ideal, questionando se esse padrão se aplica à aprendizagem. A palestrante critica a visão de um aluno perfeito e discute os mitos e desafios relacionados à aprendizagem, como a crença na igualdade, na cronologia da aprendizagem e em um ambiente de ensino de gravidade zero.
Mitos e Desafios da Aprendizagem
A professora Vanessa explora os mitos da igualdade, cronologia da aprendizagem, ambiente de ensino de gravidade zero e automodificabilidade. Ela explica que a igualdade no direito difere da equidade na educação, onde cada aluno precisa de suporte diferenciado. A cronologia da aprendizagem é questionada, pois nem todos aprendem no mesmo tempo ou idade. O ambiente de ensino não é de "gravidade zero", sofrendo influências sociais, econômicas e emocionais. A automodificabilidade é refutada, pois fatores contextuais e limitações impactam a aprendizagem.
Fatores Contextuais e Limitações na Aprendizagem
A professora Vanessa discute os fatores contextuais e as limitações que influenciam a aprendizagem. Ela diferencia limitações globais, que afetam o indivíduo em todos os ambientes (como o autismo), de limitações locais, que se manifestam em contextos específicos (como a dislexia). A palestrante ressalta a importância de considerar o contexto social, emocional e econômico do aluno, bem como eventos como luto, que podem impactar o aprendizado.
Rotulação, Medicalização e Psicologização da Aprendizagem
A professora Vanessa critica a tendência de rotular, medicalizar e psicologizar a aprendizagem, transformando dificuldades em diagnósticos e problemas não médicos em questões médicas. Ela questiona se toda dificuldade de aprendizagem precisa ser rotulada ou medicalizada, defendendo uma abordagem que valorize o processo de ensino-aprendizagem e a paciência, em vez do imediatismo.
Teoria Sócio-Histórica e Neuroplasticidade
A professora Vanessa ressalta a importância de embasar as práticas pedagógicas na teoria socio-histórica, que valoriza as potencialidades dos alunos em vez de focar nas limitações. Ela explica o conceito de sinapses e a zona de desenvolvimento proximal, destacando a importância da mediação para promover a aprendizagem. A palestrante também discute a neuroplasticidade cerebral, que permite ao cérebro criar novas conexões para superar limitações, desde que haja mediação e estímulos adequados.
Paradigma da Diversidade e Medicalização da Educação
A professora Vanessa argumenta que a escola historicamente não foi concebida para a diversidade, mas sim para a padronização, o que leva à patologização de quem não se encaixa nos padrões. Ela critica a medicalização da educação, que transforma questões sociais e culturais em problemas médicos, e questiona o uso excessivo de psicofármacos como solução para as dificuldades de aprendizagem.
Novos Rumos para a Educação e Intervenções Pedagógicas
A professora Vanessa propõe uma mudança de foco na educação, questionando "como ocorre a aprendizagem" em vez de "por que não ocorre". Ela defende intervenções pedagógicas que considerem as potencialidades e fragilidades dos alunos, proporcionando adaptações e avaliando o processo. A palestrante ressalta que todos podem aprender, cada um ao seu modo e no seu tempo, e que o currículo deve ser flexível para atender às necessidades individuais.
Neurodivergência e a Importância da Escuta
A professora Vanessa enfatiza que cada indivíduo aprende de maneira única, dentro de suas próprias possibilidades, e que a escuta ativa e a problematização coletiva podem reduzir a necessidade de medicalização e diagnósticos. Ela compartilha um exemplo de uma aluna com dificuldades de aprendizado que, após a análise do contexto familiar, revelou um problema de abuso, demonstrando a importância de considerar fatores além dos sintomas.
Transições Escolares e a Sociedade em Transformação
A professora Vanessa discute as transições escolares e a necessidade de torná-las fluidas, evitando rupturas que levam à reprovação e desistência. Ela destaca que a sociedade está em uma transição acelerada, com avanços tecnológicos constantes, o que gera um descompasso entre a escola do século XIX, os professores com formação do século XX e os alunos com a perspectiva do século XXI.
Aceleração Social e a Perda da Percepção
A professora Vanessa utiliza a metáfora da montanha russa para ilustrar a aceleração social, que impede a percepção do próprio corpo e do mundo, afetando a capacidade de pensar e aprender. Ela destaca que as transições escolares envolvem aspectos tecnológicos, concepções de escola, desenvolvimento biológico e a relação casa-escola, e que todas essas transições devem ser feitas de forma gradual para evitar problemas de aprendizagem.
Dimensões de Espaço e Tempo e a Essência do Aprendizado
A professora Vanessa ressalta que as dimensões de espaço e tempo roubam a percepção da transição da vida escolar, e que as variáveis do contexto escolar são importantes nos resultados da transição. Ela enfatiza que o professor não deve apenas transmitir conteúdo, mas sim ensinar a aprender, e que os recursos de aprendizagem não podem ser baseados somente em conteúdos.
A Chave para a Aprendizagem: Conhecimento e Adaptação
A professora Vanessa conclui que a chave para superar as dificuldades de aprendizagem está no conhecimento, ou seja, em aprender como funciona cada cérebro e cada pessoa. Ela defende que os educadores devem ter repertório para mobilizar e fazer adaptações contextuais, promovendo a autonomia dos alunos para se autodesenhar, autorregular e autocompensar.
Epigenética e o Milagre da Transformação
A professora Vanessa introduz o conceito de epigenética, que demonstra como o ambiente e os estímulos podem influenciar a expressão dos genes, mesmo em casos de neurodivergência. Ela explica que a epigenética é como um maestro que conduz a orquestra da genética, permitindo que as células respondam a estímulos e melhorem a própria genética. A palestrante destaca o papel fundamental dos educadores na mudança genética e na transformação das vidas dos alunos.
Vínculo como Elemento Dinamizador do Aprendizado
A professora Vanessa defende que o vínculo é o elemento dinamizador do aprendizado, abrangendo todas as dimensões do desenvolvimento humano. Ela ressalta a importância de manter um elo afetivo com os alunos, aproximando-se deles para um verdadeiro entendimento educacional. A palestrante conclui que não há aprendizado se não houver transformação, e que o conhecimento deve se transformar em ação.
Considerações Finais e Perguntas
A professora Vanessa encerra sua apresentação reforçando a importância do vínculo, do conhecimento do aprendente e do envolvimento com o processo de aprendizagem. Ela responde a perguntas do público, abordando temas como a inclusão escolar, a validade dos laudos e a importância das conversas informais com as crianças. A palestrante destaca que a inclusão escolar ainda está em seu início e que é preciso entender o ser humano e o aprendizado verdadeiro.

