Breve Resumo
Este vídeo aborda a gestão de escritórios de advocacia e a gestão de contencioso, com o objetivo de alinhar as expectativas de carreira dos estudantes de direito com a realidade do mercado. A Dra. Mariana Levinhaft compartilha insights sobre como planejar a carreira, considerando a advocacia como uma atividade empresarial, e oferece orientações práticas para superar as limitações comuns enfrentadas pelos advogados.
- A importância de unir o sonho à realidade na advocacia.
- Os pilares da gestão jurídica: comercial e marketing, produção, pessoas, fluxos e governança, financeiro-administrativa e tecnologia.
- Estratégias para gestão de contencioso, incluindo advocacia de massa e estratégica.
- Cuidados iniciais para uma advocacia bem-sucedida, como buscar receita recorrente e construir um fundo de reserva.
Apresentação e Introdução
A professora Ana Paula Sales apresenta a Dra. Mariana Levinhaft, que falará sobre gestão de escritórios jurídicos, um tema essencial para a formação profissional dos futuros advogados. Mariana agradece o convite e destaca a importância de abordar a gestão, algo que geralmente não é ensinado nas faculdades de direito. Ela compartilha sua experiência diversificada, desde advogada de contencioso até gerente jurídica e fundadora de uma empresa de consultoria em gestão para escritórios de advocacia e departamentos jurídicos. O objetivo da apresentação é fornecer um entendimento de como considerar a advocacia uma atividade empresarial e alinhar as expectativas de carreira com um planejamento realista.
Sonhos vs. Realidade na Advocacia
Ao ingressar na faculdade de direito, muitos estudantes têm sonhos e expectativas sobre a advocacia, mas a dificuldade surge ao tentar conciliar esses sonhos com a realidade do mercado. Muitos desistem da profissão por não conseguirem alinhar suas expectativas com o que encontram na prática. É crucial unir o coração e a razão para tornar o sonho viável, em vez de aceitar a realidade como algo imutável. A OAB oferece um programa de mentoria para auxiliar os advogados nessa jornada, e antecipar-se a esse processo é fundamental para viabilizar os sonhos e trazer o conteúdo para a realidade.
Armadilhas Comuns e Primeiras Reflexões
Muitos recém-formados se lançam na advocacia sem planejamento, aceitando qualquer caso que apareça e, muitas vezes, endividando-se para montar um escritório físico. A falta de administração e o desconhecimento dos próprios custos levam ao auto-boicote. É importante planejar e saber que esse período inicial é temporário, para evitar chegar a um ponto de frustração. Gerir um escritório de advocacia é como gerir qualquer empresa, com suas peculiaridades. A visão do advogado sobre gestão é, muitas vezes, limitada, dependendo de talentos naturais, já que as faculdades de direito não ensinam administração. O maior desafio é não abandonar o sonho, mas geri-lo com racionalidade.
Limitações e o Caminho para Superá-las
Os advogados enfrentam diversas limitações, como a falta de conhecimento em gestão de pessoas, processos, organização de tempo e interface com outras ciências. A arrogância em relação a outras áreas do conhecimento também é um obstáculo. A mediação, negociação e solução de conflitos são ferramentas importantes que não são ensinadas na faculdade. Além disso, conhecimentos contábeis e matemáticos básicos são essenciais para a administração da advocacia. É fundamental estudar matemática para desenvolver a lógica e o raciocínio. O raciocínio jurídico voltado a problemas multidisciplinares é outro desafio, já que as provas na faculdade geralmente envolvem apenas uma disciplina. A inovação e a tecnologia também são áreas em que o mercado jurídico está um passo atrás. O caminho para superar essas limitações é ter planos claros, estabelecer metas, calcular custos e faturamento, estar atento ao mercado, ser realista e valorizar outras ciências.
Planejamento e Gestão na Advocacia
O planejamento é essencial para o sucesso na advocacia. Ter uma ideia, planejar, definir estratégias e executar os planos com gestão e organização são passos cruciais. O que vale para um escritório grande também vale para um advogado individual, adaptando o raciocínio à sua realidade. A seguir, serão apresentados os pilares da gestão jurídica, que são os pontos concretos a serem considerados no planejamento.
Pilares da Gestão Jurídica: Gestão Comercial e Marketing
O primeiro pilar é a gestão comercial e marketing, que envolve entender o que se quer fazer e como se posicionar no mercado. É importante definir o cliente ideal e traçar estratégias de captação. O estágio é uma ferramenta valiosa para testar diferentes áreas e definir uma diretriz. A gestão comercial envolve definir estratégias, onde estar e com quem se relacionar para alcançar o cliente desejado.
Pilares da Gestão Jurídica: Gestão da Produção
A gestão da produção jurídica é o segundo pilar, que se refere à gestão da atividade fim, ou seja, o controle dos processos, demandas, prazos e qualidade. Os escritórios precisam enfrentar esses pilares de forma proposital ou intuitiva. A gestão da produção envolve controlar a demanda, administrar os recursos, controlar prazos e garantir a qualidade do trabalho. Em escritórios maiores, a gestão da produção se traduz no controle dos processos, definição de prazos, controle de qualidade e organização do acervo de minutas.
Pilares da Gestão Jurídica: Gestão de Pessoas
A gestão de pessoas é o terceiro pilar, que se baseia nos dois primeiros: o que farei e como farei. A gestão de pessoas envolve definir perfis, escolher quem contratar com base em habilidades técnicas e comportamentais. Em escritórios maiores, é importante implementar controle de clima, dimensionamento de pessoal e critérios para contratação. Planos de carreira, modelos de remuneração e análise de riscos trabalhistas também são importantes. Para advogados individuais, é crucial conhecer o próprio perfil, definir o tipo de pessoa que se quer ao lado e o modelo de remuneração. A OAB oferece diversas opções e modelos de contratação, que influenciam os modelos de remuneração. Mecanismos de onboarding e políticas de endomarketing também são importantes para a retenção de talentos.
Pilares da Gestão Jurídica: Fluxos e Governança
O quarto pilar é a definição de fluxos e governança, que envolve definir quem faz o quê, quando e em que prazos. É importante montar processos e macrofluxos, definir alçadas e responsabilidades. Se houver mais de um sócio, é recomendável criar um regimento interno com regras básicas. Mesmo para advogados individuais, é fundamental ter fluxos bem definidos para organizar as atividades.
Pilares da Gestão Jurídica: Área Financeira e Administrativa
O quinto pilar é a área financeira e administrativa, que muitas vezes é negligenciada pelos advogados. A atividade financeira de um escritório de advocacia envolve um conjunto de fluxos, como tesouraria (contas a pagar e receber) e faturamento e gestão de contratos. É importante ter um fluxo de caixa e controlar o contato com o cliente, o faturamento e a gestão de inadimplência. Mesmo para advogados individuais, é essencial ter um sistema financeiro pré-estruturado. A gestão financeira envolve extrair bons relatórios a partir dos dados gerados. É fundamental saber quanto se precisa faturar para ter uma receita permanente, considerando as despesas. A atividade precisa ser lucrativa para pagar as contas e crescer.
Pilares da Gestão Jurídica: Tecnologia
O sexto pilar é a tecnologia, que envolve escolher as ferramentas adequadas para otimizar a gestão da produção, agilizar os fluxos, permitir o controle financeiro e garantir segurança e rentabilidade.
Gestão de Contencioso: Introdução
A gestão de contencioso deve passar por todos os pilares da gestão jurídica. É preciso entender a atividade fim, o perfil necessário, os fluxos, a forma de cobrança e o sistema de gestão. O contencioso tem a fama de gerar pesadelos, mas pode ser mais fácil de organizar do que o consultivo, pois os prazos estão na lei. Um contencioso bem planejado e administrado é previsível na maior parte das vezes.
Gestão de Contencioso: Elementos Essenciais
Para fazer uma boa gestão de contencioso, é preciso saber quem é o cliente (pessoa física ou jurídica), o tipo de processo (matéria, complexidade e onde tramita), o tempo que o processo vai levar e o nível de reporte exigido pelo cliente. Essas informações determinam quantos casos se é capaz de absorver, o fluxo de trabalho e os níveis de controle necessários. É importante evitar pegar de tudo um pouco e se planejar para fazer o que se quer.
Gestão de Contencioso: Advocacia de Massa
Na advocacia de massa, os casos costumam ser parecidos e o fluxo é industrial. É importante estruturar o reporte ao cliente e montar um fluxo industrial, com pessoas designadas para cada tarefa (recebimento, agendamento, prazos, revisão, protocolos). A advocacia de massa é importante e pode ser rentável se bem gerida. O importante para o cliente é que os números estejam contingenciados, pois o que importa é o impacto dos processos no balanço da empresa. A equipe é designada por tarefa e a cobrança costuma ser por processo, por mês. Sistemas que exigem o menor número de cliques são ideais para a advocacia de massa.
Gestão de Contencioso: Advocacia Estratégica
Na advocacia estratégica, os processos são diferentes entre si e os fluxos são distintos. É importante uniformizar o acervo para aumentar a rentabilidade. O tipo de reporte é diferente para cada cliente e o controle depende da gravidade do caso. A equipe é organizada por carteira, com advogados cuidando do processo do início ao fim. A cobrança costuma ser por fase, com honorários iniciais e de êxito.
Controle de Prazos: Elementos Fundamentais
O controle de prazos é fundamental tanto na advocacia de massa quanto na estratégica. É preciso garantir redundância, com mais de um par de olhos olhando cada um dos três marcos de controle: identificação de que o prazo existe (publicação, andamento processual), contagem e marcação e protocolo. A inteligência artificial pode ser utilizada como assistente, mas o olhar humano é indispensável. É importante projetar as fases de cumprimento, alocando tempo na agenda para cada etapa, e marcar os protocolos em D-2 para contar com as emergências.
Cuidados Iniciais para uma Advocacia Bem-Sucedida
No início da advocacia, é importante buscar receita recorrente e cuidar do fluxo de entrada. É fundamental construir um fundo de reserva e estabelecer um salário ideal. O valor mínimo a ser cobrado deve ser calculado com base nos custos e na remuneração desejada. Buscar receita recorrente, construir um fundo de reserva e entender o valor mínimo a ser cobrado são cuidados que proporcionam tranquilidade para buscar o que se quer, e não apenas o que se precisa.
Considerações Finais
A gestão é estratégia, não burocracia. Alinhar os desejos e sonhos com uma estratégia pensada é perfeitamente possível. A Dra. Mariana agradece a oportunidade e parabeniza a iniciativa.
